Todo cuidado é pouco! Agência quer criar advertência para a pipoca


Numa tarde de julho de 2006, Patrick Hale fez pipoca de micro-ondas para seus dois filhos e sentou-se com eles para assistir à TV. Quando foi mudar de canal, ouviu um barulho estranho e viu sua filha Allison, de 2 anos, roxa, impossibilitada de respirar. Ele tentou tirar a pipoca da garganta da menina, chamou os bombeiros, mas não conseguiu salvar a filha: na autópsia, descobriu-se que as pipocas foram parar em suas cordas vocais, nos brônquios e no pulmão.

- Nenhum de nós sabia que a pipoca era tão perigosa - disse a mãe de Allinson, Christie Hale. 

Quatro anos depois, a Academia Americana de Pediatria, liderada por um grupo de pediatras, está querendo que a FDA, agência americana que regula alimentos e remédios, crie uma advertência para a pipoca, semelhante à que existe em brinquedos. Esses rótulos mostram que eles não são recomendados para determinadas faixas etárias por conter peças pequenas, como mostra reportagem do New York Times.

- Pela regulação do governo, você tem um chiclete que representa um risco para as crianças e não pode ser comercializado para aquela faixa etária. Contudo, você tem outro chiclete, do mesmo formato e tamanho, que não vem com restrições ou recomendações - explica o médico Gary Smith, diretor do Centro de Pesquisas de Ferimentos e Políticas do Hospital das Crianças de Nationwide, em Columbus, Ohio, o organizador do protocolo para determinar os alimentos perigosos às crianças.

Ao mesmo tempo, a Academia de Pediatria está cobrando que as indústrias redesenhem com urgência alguns dos alimentos mais perigosos - como a salsicha do cachorro-quente, que pode causar asfixia. O pedido já causou polêmica no mundo todo e repercutiu fortemente na internet. A presidente da Conselho Nacional de Cachorro-Quente e Salsicha, Janet Riley, declarou simplesmente que o redesenho não vai acontecer.

O grupo de pediatras começou a estudar o risco de alguns alimentos há 9 anos, quando 17 crianças no mundo inteiro morreram depois de ingerirem uma bala gelatinosa que deveria ser sugada de dentro de um plástico. A FDA proibiu a venda do produto. 

- Esta bala nunca poderia ter chegado aos mercados - disse Smith. - Crianças vêm morrendo no mundo todo asfixiadas e ninguém toma uma atitude política com relação a isso. Crianças com menos de 4 anos ainda não mastigam bem.

Não há dados atuais sobre o numero de crianças que morrem asfixiadas por alimentos. Em 2001, cerca de 17.500 crianças no mundo com menos de 14 anos foram levadas a emergências com asfixia e 60% delas foram causadas por alimentos. Em 2000, 160 crianças morreram de obstrução no trato respiratório. 

Crianças com menos de 4 anos têm um risco maior, não só por serem realmente menores (a garganta delas é estreita como um canudo), mas também porque têm o hábito de levarem tudo à boca e ainda estão desenvolvendo os dentes. 

- Entre 3 e 4 anos, elas estão desenvolvendo a capacidade de mastigar adequadamente e de engolir - explica a pediatra Nisha Kapadia,co Centro das Crianças da Universidade de Johns Hopkins.

Quando crianças pequenas comem amendoim, cenouras cruas e pipoca, alguns pedaços são mastigados, outros não. Mesmo sem mastigá-los, a criança os engole e isso pode bloquear as vias aéreas ou ser inalado para brônquios e pulmões. 

- A FDA precisa ter uma advertência padrão para que alguns alimentos não sejam consumidos por crianças com menos de 5 anos - diz Bruce Silverglade, diretor do Centro para Ciência de Interesse Público, um grupo de advogados que em 2003 já fez um lobby exigindo da FDA regulamentações mais severas sobre alimentos. 

Para o médico Smith, a presença dos país não previne o risco de sufocamento ao se ingerir pipocas:

- Recomendo que a criança tenha pelo menos 4 ou 5 anos para ser introduzida a comidas que podem causar asfixia, incluindo a pipoca.

Fonte: O Globo


Dra. Karine Quintão 
Clínica Geral • Odontopediatria • Pacientes Especiais 
Trav. Dr. Brito, 91 (PROSAT), Guanhães-MG (33) 3421-1532 • 3421-2026

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